4.17.2009

Visto a poesia do dia
Me esparramo dentro dela
As vezes desconfortável
Ela me aperta a gola, o pescoço
Querendo sair pela boca
Quando, na verdade, é pelos dedos que me escapole
Arranhando minhas unhas curtas e roídas
Puxando-as para fora
Em direção às paredes pichadas
Com meus versos
Arrastando os olhos em direção ao sol.

O sol vale um poema inteiro dele.

Rasgada as vestes
Pulverizadas as flores da lapela estranha
Eis um poema, sem sol, é certo
Rondando as minhas entranhas.

4.14.2009

MEIO EXÓTICA

Seus chinelos de pano
suas meias de lã
seus costumes insanos
chá com pão de manhã
seus cigarros acesos
suas tantas manias
seus livros nunca lidos
todas as teorias...

Vem você e me diz
que seria minha deusa
logo ri da minha cara
quando finjo surpresa
sonha seus vãos poetas
e reclama do sol
me arranha de fato no ato
rasga nosso lençol

Vê tevê enquanto pintas as unhas
de uma cor meio exótica
nunca define o tom dos cabelos
ora é hippie, ora é gótica
manda beijo pra torcida
mesmo contra minha vontade
muda o verbo de saída
nunca acha que está tarde

Vem você e me diz
que seria minha musa
beijos longos, toda linda
sempre marca minha blusa
com gloss e batom
nada mal, tudo bom
não sonha com nada
que não tenha a forma incerta
desmente, desaba, descarta
e ruma sem rumo
sem mapas nem setas
lá vai ela...
hoje o mundo é todo dela
o mundo dela é todo dela.


parceria com o sumido poeta/músico/amigo Clóvis Struchel