11.30.2007

Paulinha não me pede, o desejo dela é ordem. E eu, que nunca participei de correntes, caio nessa por conta dela. Não reclamo. Constato.

Claro que farei certas adaptações ao pedido dela, que é para ser feito assim:

1) Pegue um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2) Abra na página 161;
3) Procure a 5ª frase completa;
4) Poste essa frase em seu blog;
5) Não escolha a melhor frase nem o melhor livro;
6) Repasse para outros 5 blogueiros.

As minhas adaptações:

O livro que peguei eu nem comecei a ler e o tenho desde maio de 2006, fica lá, em cima da mesa sempre, mas com uma frase do autor, na sua primeira página, que sempre me assusta e me afasta: Não leia agora, aguarde que a solidão tome conta de você.
Agora, que estou a cumprir a ordem de dona Paula, sozinho, como pede o livro, passei por cima da frase e li (mais uma adaptação, o livro é de poesia, portanto, vai mais que a 5ª frase):

Fim dos Tempos

No colo de serenos solilóquios,
os versos guardam-se últimos no peito,
flor da cáctus premida em laço estreito,
estrela fugidia aos telescópios,

nunca-aberto botão de primaveras
giz de nuvem riscando fantasia,
Laura Júlia, contínuas novas eras
varando as estações à revelia,

recém-nascidos riso e olhar dementes,
moribundo clamor do novo Deus,
meu lar, que ao frio hiberna, ao sol estiva.

Eu...aquieto-te stradivariusmente
e aguardo o fim da vida só, com os meus
obnubilados olhos à deriva.

(Temporal temporal, de Luís Antonio Cajazeira Ramos)

A outra adaptação é, não indicarei os amigos, eles o farão à sua vontade.
O pedido de minha melhor amiga está atendido.

11.28.2007

(Para Nana)

Em São Paulo que se parte
Em imensidões de cinzas...
De outros tempos, outros passos,
Densos rumos e hoje ainda...

São tantas, ela e outras moças,
Colorindo o tempo que não brilha
Trazendo o dia pra bailar a noite
Despedindo-se de suas pistas...

Ela ajeita suas coisas,
Seus bilhetes, suas dores,
Relembra as paixões
Que nem começaram
Já teve um fim...

São tantas, ela e outras moças,
Acordando mais tarde sem neblina
Despedindo-se da voz, da cidade que inclina,
Para outra vez partir.

Ela ajeita suas coisas,
Seus bilhetes, suas dores,
Relembra as paixões
Despede-se entre frases madrugais,
Sonhando o porvir:

O mundo, meu amor,
É um bom lugar para sorrir.

(Parceria com o grande companheiro azul: Clóvis)

11.21.2007

O Amor mandou usar as letras.

Desde então mudei as gavetas,
rasguei as vestes,
despi a alma,
tratei de usar letras,
palavras em versos.

Quando o Amor manda,
esqueço sobras,
restos...
Paro tudo e escrevo.

Ventania com asas me despertam.

11.12.2007

Sou do tipo bobo
Balaio morno de fruta do pé
Caída naquele mesmo instante.
Gosto de solavanco
Na beira da estrada
Bem na hora da curva entre a árvore triste
E a cidade dormente.

Sou do tipo sonhador
Temperando tempo com tempo
Para ajustar a esperança
Da cor verde mais próxima do verde esperado
Para ser meio menino, meio anjo...
Para ser torto, na verdade,
Pois anjo torto é o mais perto da verdade
Que um menino pode chegar.

Sou do tipo quieto
Invento dias em nuvens disformes
E elefantes brancos na cabeça.
Carrego no doce da vida
Nada de pitadas a granel
Bom é despencar a mão sem culpa...
Sem esquecer do sal.

Sou do tipo doido
Que aprende a dançar com vassouras
E rodopia feito papel
Na ventania que traz a chuva.
Bailo cambaio distraído
Com pé de vento, com dança da lua
Me remeto em grande saudades
No caminho do céu
Apimento a vida com desejos
E os desejos com os eternos sonhos da paixão.