Calado, arrebento mais
que a cigarra tentaria
se não precisasse, todo dia,
rever o inevitável
bem lá do começo,
com a vida passando pela tela
pelos olhos
pelas janelas do centro da cidade,
onde evita-se o silêncio
se não passa fome ou frio
ou fica na vontade do cigarro
em plena madrugada
sem que os porteiros da avenida repartam
as bitucas queimadas até o filtro
que amarela os dedos
e cala arrebentando tudo
desde a carcaça transparente
até a minha cara, dando vivas
a loucura explosiva que é cantar
feito grilo, mesmo quando se é
nada. Além. Cigarra.
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